Foto; Reprodução/NetVasco

No decorrer de sua gestão, Pedrinho vem perdendo apoio de grande parte da torcida vascaína

Daniel Godoy

Após derrota contra o Vitória por 2×1, no último sábado (10), pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro, o ex-jogador Edmundo deu uma declaração polêmica a respeito de Pedrinho, presidente do Vasco. O ex-atleta havia dito que o atual gestor do cruz-maltino é o “pior presidente da história do clube.”

Devido a atual fase do Vasco, Pedrinho vem recebendo muitas críticas a respeito de algumas decisões tomadas em sua gestão, como contratações de jogadores questionáveis, pessoas com capacidades duvidosas para gerir o departamento de futebol, ausência de uma nova SAF para substituir a 777, entre outras coisas.

O fato é que desde 2024, primeiro ano de Pedrinho na presidência do clube, o time carioca desempenha um futebol abaixo do que o torcedor vascaíno espera. Pelo Campeonato Brasileiro do ano passado, terminou em décimo, conseguindo uma vaga na fase de grupos da Copa Sul-Americana 2025. Além disso, acabou eliminado na semifinal do Campeonato Carioca para o Nova Iguaçu.

Em contrapartida, chegou a semifinal da Copa do Brasil, sendo derrotado para o Atlético-MG. O cruz-maltino não ia tão longe na competição desde 2011, ano pelo qual conquistou o seu primeiro título do torneio.

Já em 2025 acabou eliminado do Campeonato Carioca pelo Flamengo e atualmente ocupa a zona do rebaixamento do “Brasileirão”. Além do fraco desempenho dentro de campo, na atual gestão foram feitas algumas contratações que estão rendendo abaixo do esperado, a principal delas é Philipe Coutinho.

O que seria teoricamente o grande reforço de 2024, na prática vem sendo a maior decepção. Na atual temporada, possui 20 jogos, cinco gols e duas assistências, além do elevado número de lesões. Dessa forma, não consegue render o que jogou no Liverpool até 2018.

Seu vínculo termina em dezembro de 2025, mas a diretoria pretende ampliar o vínculo do atleta pelo menos até o meio de 2026, quando termina o contrato com o Aston Villa-ING. Entretanto, os ingleses pagaram 20 milhões de euros ao Barcelona (R$ 103 milhões). Dessa forma, eles querem uma compensação financeira para diminuir o prejuízo. Isso é considerado improvável, uma vez que o Vasco vive uma situação financeira complicada.

Como sugestão do meia, Pedrinho ainda contratou os meias Alex Teixeira e Souza, que fazem uma temporada abaixo do que podem produzir. Na maior parte das vezes, nem como titulares eles entram. O último citado disputou apenas três partidas em 2025, equivalente a 270 minutos. Ambos terão seus contratos encerrados em dezembro. Caso haja renovação, será mais um “tiro no pé” da diretoria.

Além de várias contratações questionáveis, também não há como deixar de mencionar a ausência de uma nova SAF. Em maio de 2024, a Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o contrato que suspenderia o controle do Vasco para a 777 Patners.

A empresa era responsável pelo departamento de futebol do clube desde 2022. Após o rompimento, Pedrinho foi em busca de uma nova SAF, mas até então não houve nenhuma proposta concreta. Isso vem gerando revolta em grande parte da torcida, pois há duas décadas o Vasco não mostra um futebol competitivo. Até fez um bom ano em 2011, quando foi vice-campeão brasileiro e campeão da Copa do Brasil. Todavia, foi apenas um período isolado.

Ao juntar tudo que foi mencionado, podemos concluir que Pedrinho faz uma gestão decepcionante. No entanto, o Vasco ainda está colhendo frutos de gestões passadas, onde havia inclusive salários atrasados.

O balanço realizado ao fim de 2024 mostra que a dívida do clube atualmente é superior a R$ 1 bilhão, sendo que R$ 350 milhões foram por conta da 777 Patners. Eles haviam sido alertados, porém foram omissos. Dessa forma, fica complicado para qualquer presidente fazer elevados investimentos em contratações.

Portanto, não há como dizer que Pedrinho foi o pior presidente da história do clube, pois pegou o clube quebrado financeiramente, o que impossibilita trazer reforços de alto escalão. Ou seja, ele está colhendo frutos de gestões anteriores. O aperto do Vasco não começou agora. De 2008 até aqui, o clube foi rebaixamento para a segundo divisão do Campeonato Brasileiro quatro vezes (2008, 2013, 2015 e 2020).

Dessa forma, o que Pedrinho precisa fazer neste momento é buscar pagar dívidas, reformar São Januário e depois pensar em levar o Vasco as grandes glórias. Caso faça o contrário, estará tentando construir uma casa pelo telhado.

Então é o momento de fazer a coisa certa, nem que isso custe a reeleição. É momento de pensar com a razão, não buscando ouvir palpite de torcedor emocionado, pois gestor tem que trabalhar com a racionalidade.

Um bom exemplo a ser mencionado é o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Melo. Em 2013, o então dirigente pegou o clube em uma dívida que custava aproximadamente R$ 700 milhões. Em seus primeiros anos de gestão o time lutava contra o rebaixamento. Mesmo assim, foi reeleito ao cargo em 2015, pois estava cumprindo seu papel.

Ao quitar boa parte dos débitos, sobrou dinheiro para fazer grandes contratações como Diego Ribas e Éverton Ribeiro. A partir de 2019, quando não presidia mais o clube, o rubro-negro conquistou vários títulos.

Isso mostra que apesar de não sair vitorioso, deixou o legado de que um time saudável financeiramente está mais propenso a atingir momentos de glórias. Portanto, Pedrinho deveria fazer o mesmo, senão poderá manchar sua grande história como um grande ídolo do Vasco como jogador.

Outro ponto a ser notado é que Pedrinho, embora tenha boas intenções está com dificuldades em articulações políticas. Quando foi eleito em 2023, tinha apoio até de opositores, mas ele vem perdendo ao longo do tempo. Além disso, deu cargo a alguns amigos, como Felipe Maestro, que possui dificuldades dentro do clube para executar suas função de diretor técnico.

Com isso, precisa buscar pessoas experientes ao cargos necessários para que ele ganhe apoio dentro do conselho deliberativo. Dessa forma, ganhará mais apoio e terá mais tranquilidade ao montar um time minimamente competitivo, além de contar com mais apoio da torcida. Assim, poderá levar de volta o Vasco ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

A revolução já pode ter começado nesta segunda-feira (12), quando foi anunciada a demissão de Marcelo Sant’ana do cargo de diretor de futebol do clube. Embora seja difícil, Pedrinho possui interesse em contratar Rodrigo Caetano, atual diretor de seleções da CBF.

Inclusive, Rodrigo Caetano foi responsável por montar o time que levou o clube ao título da Copa do Brasil de 2011. Naquela época, havia jogadores como Fernando Prass, Fagner, Dedé, Diego Souza, Juninho Pernambucano, Felipe Maestro, entre outros.

Caso o Vasco se organize financeiramente, Rodrigo Caetano pode ser o nome ideal para levar o Vasco a grandes títulos.